Uma eterna despedida #17
- 1 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de dez. de 2022
Lembra que eu escrevia bastante sobre as despedidas? Inclusive, em meu livro citei ter escrito duas cartas me despedindo. Eu menti sobre a quantidade delas e é sobre isso que eu quero falar hoje.
Vivenciando as fases da minha vida ao longo desses vinte e seis anos, percebi que cada vez em que eu sentia a vida desabar em uma despedida, eu escrevia sem perceber uma carta para deixar ali naquele momento de dor. Muitas delas não foram cartas físicas, eu apenas fechava lentamente os meus olhos e dizia para mim: a partir daqui eu não tenho maturidade para seguir agora, preciso de um tempo, preciso aprender.
Estágios de verdadeira transformação interna e externa começavam então. Ciclos vitais, importantes e indispensáveis se faziam diante dos meus olhos enquanto aqueles momentos de escuridão pareciam não acabar. E eu aceitei a despedida, a introspecção, a solidão e toda a dor, porque eu sabia que aquilo ali era necessário, não havia como fugir. Ou melhor, na verdade até tinha uma porta de fuga lá disponível, mas eu sabia em meu interior que aquilo seria só uma fuga momentânea e não a resolução e amadurecimento que eu buscava, aquilo não significava a cura. Aos poucos esses momentos foram passando e eu me vi em uma liberdade consciente, cada pequena escolha resultou nesse sentir e eu flui. Percebi que esse é enfim o amor incondicional, aquele que eu olho para mim em todas as minhas fases e digo: eu te amo por tudo o que fomos e por tudo o que nos trouxe até aqui. Eu te amo na dor, na alegria e em qualquer outro momento, porque eu sei que através de todo o sentir e ser, podemos ainda nos transformar.
Como tudo na natureza tem o seu próprio tempo, respeitei e acolhi o meu, uma nova consciência resultou disso. Cartas foram deixadas em cada estação a mim mesma. E é claro que eu sinto saudade daqueles tempos, mas eu estou muito mais feliz com o que venho reconhecendo em mim.
O que antes passava despercebido, hoje faz mais sentido.
Com amor,
Kauany.
Me inspiras
Em plena madrugada, em um plantão de uma quinta que na vdd já é sexta lendo esse belo desabafar de vida...
Esse foi seu primeiro texto que li, e me identifiquei pra caramba, na verdade, exemplo de ser humano que vive nesse mundão...é isso, muitos obrigada, vou levar comigo esse texto, pra vida!!!
Chorei em cada linha ...
Senti como se estivesse conosco em um lugar com muita grama e uma natureza linda em volta e acendia uma fogueira e falasse todo este texto pra nós .
Gratidão Kau Bonett ! 🤍🦋
Perfeito